Nascemos para amar, soneto LXXII, Bocage

11 05 2012

Escultura em terracota de Eva Antonini (Suiça, contemporânea).

LXII

Bocage

Nascemos para amar; a humanidade

Vai tarde ou cedo aos laços da ternura.

Tu és doce atrativo, ó formosura,

Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;

E depois que a paixão nalma se apura,

Alguns então lhe chamam desventura,

Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,

Qual em suaves júbilos discorre,

Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou para, ou corre;

E, segundo as diversas naturezas,

Um porfia, este esquece, aquele morre.

Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), Poeta português, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Árcade e pré-romântico, sonetista notável, um dos precursores da modernidade em seu país.


Ações

Information

Deixe um comentário